Nos últimos dias, as bolsas de ostomia tem sido um dos assuntos mais comentados nas redes sociais do Brasil. Isso porque, no início do mês, a cantora Preta Gil fez um desabafo online sobre a necessidade do uso de uma bolsa de ileostomia, após a realização de uma cirurgia para a retirada de um câncer no intestino. A artista comentou que a bolsa salvou a sua vida e ressaltou a importância do procedimento.
O fato tem chamado a atenção para a discussão sobre ostomia ou estomia, procedimento cirúrgico que cria um orifício (o estoma) na parede abdominal ou na traqueia, de maneira definitiva ou provisória. De acordo com a Associação Brasileira dos Ostomizados (Abraso), existem no Brasil cerca de 50.000 ostomizados.
As ostomias podem ser realizadas de três formas, entre elas: no sistema respiratório, digestivo ou urinário. Geralmente, os procedimentos cirúrgicos mais comuns têm o objetivo de redirecionar os resíduos do corpo devido a algum impedimento seja ele doença, trauma ou má formação do intestino ou bexiga.
Adriana Lobo, Enfermeira especialista do Núcleo de Pele da Assiste Vida, ressalta que apesar de ser um procedimento cada vez mais frequente, os pacientes ostomizados ainda enfrentam, além da doença ou trauma, exposição a uma série de constrangimentos sociais. Contudo, as bolsas de ostomia permitem que o paciente possa ter uma vida social considerada “normal", já que promove a coleta das excretas de forma segura, e eficaz.
Uma pesquisa documental intitulada de “Perfil epidemiológico de pessoas com estomias intestinais de um centro de referência”, realizada entre os anos de 2018 e 2019, em um centro de referência para pessoas com deficiência no Nordeste do Brasil constatou que o número de homens ostomizados é maior em relação as mulheres. Já no que diz respeito a faixa etária, a pesquisa apontou que o número de ostomizados é maior em pessoas acima de 59 anos. O estudo ouviu cerca de 378 pessoas com estomia, com idades que variaram de 18 a 102 anos.
Dentro dessa realidade, apesar de ser um procedimento comum em alguns casos, a bolsa de ostomia requer alguns cuidados específicos para ajudar o paciente na adaptação, considerada uma fase crucial do tratamento. A enfermeira da Assiste Vida ressalta algumas recomendações a serem tomadas já nessa fase inicial.
“Os cuidados com roupas são muito importantes. Evitar roupas cujo elástico perpasse a bolsa para evitar reduzir a espaço no reservatório. No que diz respeito a segurança do paciente, é importante sempre levar, ao sair de casa, um kit extra ou uma bolsa já cortada, bem como materiais de higiene para alguma necessidade de troca. Após a troca, evitar dobrar o abdome por uns 15 min para que a aderência não seja comprometida”.
“É necessário observar sempre a coloração, o brilho, umidade, o tamanho e a forma. O estoma deve ter cor rosa, brilhante e aparência hidratada. A limpeza deve ser realizada delicadamente, não pode ser esfregado para evitar sangramentos. Além disso, é importante observar a ausência de saída de excretas, três dias ou mais deve ser informado ao enfermeiro ou médico”, ressalta a especialista.
Dicas eficazes para o tratamento
Adriana Lobo listou recomendações que ajudam e facilitam o manuseio da bolsa de ostomia no dia a dia. A série de cuidados indicados pela especialista podem trazer mais praticidade e conforto para os pacientes ostomizados, principalmente na fase de adaptação. Entre as indicações estão:
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Usar sempre a bolsa coletora adequada para o tipo de estoma;
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Usar o molde para conferir o tamanho do estoma antes de cortá-la. O orifício da bolsa deve ter o mesmo tamanho do estoma, evitando assim a contato das fezes ácidas com a pele do paciente;
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Usar tesoura sem ponta para cortar evitando assim furar a bolsa;
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O armazenamento deve ser feito evitando luz solar e calor excessivo, sem dobrar;
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Orientamos esvaziar a bolsa antes de dormir para evitar vazamentos durante a noite;
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Atender ao prazo de troca da bolsa de acordo com orientação do fabricante ou se coloração alterar.