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6 pilares que permanecem firmes no mercado de foodtechs
15h57

6 pilares que permanecem firmes no mercado de foodtechs

Foco no consumidor final e suas preferências, inteligência artificial aplicada, desenvolvimento de proteínas alternativas. Saiba mais sobre essas e outras tendências que continuam em alta no setor de alimentos e bebidas

Desde o boom das foodtechs em 2021, as atividades de venture capital (VC) vêm diminuindo no segmento, segundo levantamento realizado pela empresa americana de pesquisa e software PitchBook. Entre o primeiro e o terceiro trimestre de 2023, foram captados US$ 6,5 bilhões em 670 negociações no setor no mundo, uma redução de respectivamente 57,2% (em valor) e 25,8% (em número de deals) ante o mesmo período de 2022 – quando haviam sido captados US$ 15,2 bilhões em 903 negociações. 
 
Segundo a empresa americana, a queda nos investimentos está relacionada à saída de investidores menos comuns no mercado de VC, o que diminuiu o recurso disponível para as startups. Isso traz reflexos para as foodtechs em estágio mais avançado, que deixam de poder contar com esses players. 
 
Em outra pesquisa realizada pela PitchBook, sobre tecnologias emergentes nas foodtechs, foram analisados os principais segmentos do ramo alimentício que mais receberam investimento no período de 12 meses, de junho de 2022 a 2023, sendo quatro os que tiveram destaque. 
 
São eles: e-commerces (com US$ 3,9 milhões), proteínas alternativas (US$ 2,4 milhões), tecnologias para restaurantes e varejo (US$ 2,3 milhões) e bioengenharia para alimentos (US$ 1 milhão). 
 
Destacamos seis pilares de inovação em foodtechs que permaneceram firmes e fortes apesar do cenário menos favorável em relação ao que se tinha no passado.  
 
À moda da (sua) casa: foco no consumidor final 
 
O ditado diz que “o cliente sempre tem razão”. Mas, agora, ele também tem preferências detalhadas na hora de escolher e consumir produtos que se alinham com questões culturais, socioambientais e de saúde em que ele acredita. 
O bem-estar animal é uma das exigências que mais cresce e que une todos os elos da cadeia produtiva. E é grande a parcela dos produtores que têm aderido às boas práticas nos sistemas de criação e, por consequência, que também buscam selos e certificações de órgãos que confirmem que suas estratégias produtivas mantêm o conforto e saúde dos animais. Prova disso são os números da certificadora Certified Humane Brazil, que já conta com mais de 90 agropecuárias, indústrias e processadoras com seu selo no país. 
 
Rastrear a produção consciente de proteínas animais (seja, carne, leite, ovos) é outra tendência em alta. A evolução das tecnologias de rastreabilidade para vários produtos alimentícios avança, puxada por quem consome e quem não consome carnes, mas ainda assim inclui na dieta produtos de origem animal (como ovo, leite, queijo). Segundo pesquisa do Ibope, em 2022, 14% dos brasileiros e brasileiras – cerca de 30 milhões de pessoas – se declararam vegetarianos.  
 
As soluções de rastreabilidade de alimentos e bebidas garantem a procedência do que o consumidor  leva para casa, indo além  de matérias-primas ou, como citamos antes, e abrangendo boas práticas produtivas que envolvem a criação animal, mas respondem por toda a jornada do alimento. Olhando, portanto, para qual o impacto ambiental e social da produção, numa cadeia que vai da produção, manipulação e logística até o armazenamento e as gôndolas dos supermercados. 
 
O objetivo é gerar transparência, segurança e conexão com o consumidor final, tornando o processo de compra cada vez mais próximo e informativo. 
 
Para fechar este tópico, sobre o cliente no centro, vale ressaltar que estão em constante mudança  também os hábitos de compra propriamente ditos, que podem se dar no mundo on ou offline. Campeãs em investimentos, como citamos no início deste artigo, novas soluções de delivery, compras por plataformas digitais, clubes de desconto e mercados autônomos (também conhecidos como grab and go) permanecem no radar pela facilidade de aquisição, sem limitação de horário ou filas, com opções variadas de produtos e, em alguns casos, preços mais competitivos do que as opções físicas tradicionais. 
Inteligência artificial para produção e consumo 
A tecnologia que ficou em evidência em 2023, e que ganhou popularidade com a chegada do ChatGPT, está transformando o mundo dos negócios, sendo amplamente utilizada para a análise de dados e identificação de padrões em diversas áreas. 
E as foodtechs também estão se beneficiando da inteligência artificial (IA) para promover o desenvolvimento do setor. Segundo a Mordorin Intelligence, uma empresa de fornecimento de dados, a IA no mercado de alimentos e bebidas deve atingir o patamar de US$ 35,4 bilhões até 2028, crescimento anual composto (CAGR) de 38,3% partindo de 2023. 
 
A inteligência artificial está sendo utilizada em várias frentes do setor de alimentos e bebidas, como nas grandes empresas, onde já é aplicada no acompanhamento dos processos de produção e desempenho das máquinas. Mas também pode contribuir no desenvolvimento de novos produtos, diminuindo o tempo para a criação de novas fórmulas, por exemplo. 
Já em supermercados e restaurantes, a tecnologia vem sendo adotada para reduzir o desperdício de alimentos e, indo além, já existem restaurantes que utilizam a IA para a entrega de alimentos e também como assistentes de cozinha, que auxiliam na preparação e padronização dos pratos que chegam à mesa. 
Fermentação ganha terreno  
As proteínas alternativas estiveram em um cenário de destaque em 2023 e representam um segmento promissor para os próximos anos. Um dos pilares que impulsiona o investimento em produtos proteicos que não são provenientes da produção animal tradicional é a preocupação do impacto ambiental oriundo do segmento.  
No contexto do avanço do mercado, é relevante olharmos para as subcategorias que compõem as chamadas proteínas alternativas. Começando pela plant-based, a primeira tecnologia do grupo a ganhar popularidade, essa solução busca produzir alimentos a base de plantas, trazendo similaridades com os produtos animais em sabor, textura e aparência. 
Segundo a pesquisa do Meticulous Research, o mercado das plant-based deverá crescer um CAGR (sigla para taxa de crescimento anual) 12,4% entre 2022 e 2029, atingindo o valor de mercado final de US$ 95,52 bilhões.  
Em contrapartida, em 2023 o cenário não seguiu esse rumo. Em uma reportagem, a Bloomberg Línea cita a queda das ações de uma das principais empresas do segmento, a Beyond Meat, de 46% no ano passado. Na visão dos especialistas, a diminuição do capital disponível e o aumento das taxas de juros, levou à redução do financiamento dos investidores em um mercado de muitos competidores. Além disso, o canal de notícias destaca que ocorreu um desencorajamento do lado dos consumidores por conta do excesso de processamento, valor nutricional e sabor dos produtos. 
 
Em matéria a Forbes destaca que 2024 será um ano decisivo, e ditará o futuro das startups de produtos plant-based. Os grandes desafios apontados estão na pressão que por resultados que os investidores estão fazendo sobre o setor, além da necessidade de uma abordagem mais coordenada para estimular o interesse dos consumidores pelos produtos a base de vegetais.   
 
Outro segmento na linha de proteínas alternativas é o da carne de laboratório, uma abordagem que utiliza células animais para produção de carne, sem precisar criar e abater o gado como nas produções tradicionais. Em 2023 a carne de laboratório conquistou um grande marco nos Estados Unidos: duas empresas que trabalham com a tecnologia, a Upside Foods e a Good Meat, receberam a aprovação do USDA (Departamento Norte-Americano de Agricultura) para comercialização de seus produtos. Mas, no Brasil, as notícias não são tão boas assim.  
 
No final de 2023, uma proposta de projeto de lei (4.616/2023) do deputado Tião Medeiros, presidente da Comissão de Agricultura na Câmara, sugeriu proibir a pesquisa, produção, reprodução, importação, exportação, transporte e comercialização privadas de carne animal (bovina, suína, de aves e outras) cultivada em laboratório. No mundo, os custos de produção e as emissões associadas também são aspectos em discussão.  
 
Nesse contexto, o segmento que acabou tendo maior destaque positivo no ano que passou não foi nem o plant-based nem o de carne de laboratório, mas o de  fermentação de precisão, conforme relatório do terceiro trimestre de 2023 do The Good Food Institute, em uma análise feita a partir dos dados da PitchBook. Os investimentos nos três setores somaram US$ 632 milhões globalmente e o ranking ficou assim: fermentados (US$ 312 milhões), plant-based (US$ 201 milhões) e carne cultivada (US$ 169 milhões). 
 
Essa tecnologia usa ferramentas avançadas de engenharia genética para criar microorganismos que, durante a fermentação, produzem os alimentos ou bebidas desejadas. Uma das empresas mais conhecidas no setor é a Perfect Day, porém as startups brasileiras já estão olhando para isso: em 2023, a Future Cow produziu seu primeiro leite em tanque de fermentação. 
Segundo a Precedence Research, uma organização mundial de pesquisa, o futuro é promissor, já que o tamanho do mercado global de fermentação de precisão foi avaliado em U$$ 1,6 bilhão e deve atingir cerca de US$ 67,9 bilhões até 2032, um CAGR de 46% entre 2023 e 2032. 
Agricultura molecular, sustentável e nutritiva  
A produção de alimentos pode mudar radicalmente com algo tão pequeno quanto uma molécula. Como o próprio nome diz, a agricultura molecular foca exatamente em grandes mudanças aplicadas via modificação genética de plantas. 
Com ela, é possível rastrear e identificar genes especiais que agregam “super poderes” aos cultivares, expandindo, por exemplo, seu poder de resistência a pragas e doenças, além da produtividade e qualidade na hora da colheita.  
 
Nos laboratórios, uma técnica que mira esses resultados é a do CRISPR-Cas9, baseada na edição de precisão do  DNA das plantas, que adapta sua genética de acordo com um objetivo específico. E já existem empresas e startups aplicando a tecnologia em escala um pouco maior fora do Brasil. O processo acelera a seleção natural, um trunfo em tempos de mudanças climáticas e necessidade de gerar cada vez mais eficiência.  
 
Na visão de especialistas, isso pode afetar positivamente a linha de produção agrícola no Brasil, aumentando a oferta de produtos, não só em quantidade, mas também em qualidade, permitindo que o consumidor tenha acesso a produtos cada vez mais de ponta e com maior variedade. 
 
No Brasil,  aplicações biotecnológicas voltadas justamente a  aumentar o valor nutricional dos alimentos já estão em uso há mais de 20 anos. Nesse caso, a ciência manipula processos metabólicos naturais para que não sejam só as plantas no campo a produzir mais, mas que sejam capazes também de entregar uma  melhor oferta de nutrientes, proteínas, vitaminas e minerais do que opções concebidas pela natureza. 
Opções para todos, incluindo os alérgicos e com intolerância alimentar 
O amplo acesso à informação nutricional é mais um ponto que avança a passos largos no mercado de food, principalmente brasileiro. 
Antes com dados restritos sobre quantidade de gordura e açúcares nos alimentos, os rótulos estão ganhando outra cara. Hoje, além de destacar a alta presença de gordura saturada, por exemplo, as informações nas embalagens também ajudam a prevenir reações indesejadas e garantir a segurança de pessoas  intolerantes a lactose, glúten e que  possam ter outras restrições alimentares. 
 
É tendência e é o que demanda a lei desde outubro de 2022 no Brasil, o que impactou amplamente os rótulos, o marketing e a oferta de produtos no mercado, tornando mais fácil para o consumidor se certificar do conteúdo daquilo que está comprando.  
 
Desde essa data, todas as embalagens de alimentos e bebidas no Brasil passaram a estampar selos brancos com letras pretas, bem visíveis ao olho do consumidor, expondo se o alimento é alto, por exemplo, em açúcar adicionado, gordura saturada ou sódio. E, pode apostar, este movimento já influencia a decisão de compra dos consumidores. 
 
A resposta para este caminho, por parte da indústria alimentícia, é apostar cada vez mais em produtos com ingredientes mais saudáveis, que impactem positivamente (e visualmente) os consumidores, sobretudo das novas gerações.  
Não ao desperdício, sim à economia circular  
Atendendo a demanda por conectar  o desenvolvimento econômico com uso consciente de recursos naturais, para que se produza cada vez mais, de maneira mais inteligente e sustentável. 
A economia circular se liga, por exemplo, com os conceitos de agricultura regenerativa e manejo sustentável, também citados em outro conteúdo do Agtech Innovation News, já que gira toda a engrenagem do sistema de produção com alimentos e bebidas de impacto socioambiental positivo. 
 
A produção de alimentos se encaixa no conceito da economia circular, principalmente, nos tópicos de: 
Geração de matérias-primas de baixo impacto ambiental; 
Manufatura sustentável de produtos alimentícios; 
Distribuição que minimiza (ou neutraliza) a emissão de gases do efeito estufa; 
Consumo que favorece a reutilização de matérias-primas, reciclagem ou reparação de danos produtivos; 
E, é claro, no consumo consciente e de baixo nível de desperdício. 
No agro, são inúmeros os exemplos de startups que operam no contexto da economia circular. Como a americana Soldier Fly Technologies, que usa insetos para converter resíduos agrícolas em insumo para produção de fertilizantes orgânicos e produtos para nutrição animal. Na Suécia, a PlasticFri produz extrai materiais fibrosos de resíduos agrícolas e plantas não comestíveis para criar o que chama de “plástico ecológico”. O material é totalmente biodegradável.  
 
 
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